Argumentos com base em exemplos: Os exemplos são representativos?
Mesmo um número elevado de exemplos pode não ser representativo do conjunto sobre o qual estamos a generalizar.
Um número elevado de exemplos de mulheres romanas,
unicamente, estabelece muito pouco acerca das mulheres em geral, uma vez que as
mulheres romanas não são necessariamente representativas das mulheres de outras
partes do mundo.
Todos os meus vizinhos vão votar no Silveira para presidente.
Logo, o Silveira vai ganhar.
Este argumento é fraco porque um único bairro raramente representa a totalidade do eleitorado.
Um bairro próspero pode favorecer um candidato que
seja impopular para a restante população.
Candidatos que têm regularmente êxito em círculos
eleitorais estudantis de cidades aniversitárias não conseguem ter êxito em
qualquer outro círculo.
Além disso, poucas vezes temos acesso a bons
dados, mesmo no que respeita aos pontos de vista dos nossos vizinhos.
O conjunto de pessoas que colocam tabuletas ou bandeiras
de propaganda política nos respectivos jardins e autocolantes nos respectivos
automóveis (e cujos jardins se vêem das estradas principais e cujos carros
circulam regularmente e/ou são estacionados em locais que dão nas vistas) pode não ser representativo do
bairro como um todo.
Um bom argumento para «o Silveira vai ganhar as
eleições» exige uma amostra
representativa da totalidade do eleitorado.
Nao é facil construir tal amostra.
As empresas que realizam sondagens de opinião para determinarem resultados eleitorais, por exemplo, escolhem as suas
amostras com muito cuidados.
Aprenderam com os erros.
Em 1936,
a Literary Digest conduziu a primeira sondagem de opinião em grande
escala, prevendo o resultado das eleições presidenciais ameri- canas em que se
defrontavam Roosevelt e Landon.
Os nomes dos eleitores foram retirados, como ainda
hoje acontece, de listas telefónicas,
bem como de registos de propriedade
automóvel.
O número de pessoas escolhidas não era certamente muito
pequeno: apuraram-se mais de 2 milhões de intenções de voto.
A sondagem previu uma vitória por larga margem
para Landon.
No entanto, Roosevelt ganhou facilmente.
Retrospectivamente, é fácil ver onde esteve o
erro.
Em 1936 só uma pequena e distinta parcela da
população tinha telefone ou automóvel.
A amostra
era fortemente tendenciosa a
favor dos eleitores ricos das cidades, a maior parte dos quais apoiava Landon.
Desde entao as sondagens melhoraram.
Apesar disso, há preocupações quanto à
representatividade das suas amostras, especialmente quando são muito pequenas.
É certo que hoje quase toda a gente tem telefone,
mas algumas pessoas têm mais do que um; muitas outras têm telefones que não vêm
na lista; alguns números representam muitos eleitores e outros apenas um;
algumas pessoas têm menos hipóteses de estarem em casa para atenderem o
telefone; e assim por diante.
Logo, mesmo
as amostras cuidadosamente selecionadas podem não ser representativas.
Muitas das melhores sondagens, por exemplo,
falharam redondamente na previsão das eleições presidenciais americanas de
1980.
Logo, a representatividade
de qualquer amostra é sempre incerta.
Antecipe este perigo!
Na formulação de suas idéias, procure amostras que
representem toda a população a partir da qual está a generalizar.
Não faça um estudo estatistico apenas junto dos
amigos ou vizinhos, nem aceite
argumentos baseados num estudo desses.
Um estudo acerca das atitudes dos estudantes, por
exemplo, não deve limitar a amostra a, digamos, estudantes à saída do cinema
numa sexta-feira à noite.
É necessaria uma amostra aleatória construída a partir dos nomes de todos os estudantes inscritos,
e mesmo este método pode não produzir uma amostra inteiramente representativa
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